VÍDEO: quando a arte traz leveza ao isolamento

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VÍDEO: quando a arte traz leveza ao isolamento
Foto: Renan Mattos (Diário)

CRIAR PARA SE REINVENTARA empreendedora Dalila Cecatto Bachinski, de 59 anos, considera o seu violão e as esculturas que cria um refúgio. Ela é aluna da Escola Municipal de Artes Eduardo Trevisan (Emaet) há mais de cinco anos, e desde o ano passado segue participando das atividades de forma online.

– É claro que nada substitui o presencial, mas as aulas remotas foram uma alternativa para a gente não ficar estagnado. Para mim, não foi difícil, até porque é um preenchimento do tempo disponível – conta Dalila.

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Nesse tempo em casa, ela aproveitou para, até mesmo, desenvolver novas técnicas em esculturas e se aventurou na arte com madeira, como por exemplo na confecção de tábuas para churrasco.

– Eu acredito que nesse período não tem quem não teve tempo de sobra para fazer coisas em casa que antes não conseguia por conta da rotina do trabalho e estudo fora. Essas atividades ajudam a me dispersar e focar em outras coisas que não sejam sobre a pandemia, para evitar o pânico e uma vibração desagradável – acrescenta a empreendedora.

Foto: Renan Mattos (Diário)

ATUAR PARA SEGUIR VIVENDOA paixão pela arte foi o que guiou a vida da professora Bernardete Antonello Cerezer, 56 anos, e durante os últimos meses não poderia ser diferente. Ela, que também é aluna da Emaet, conheceu a escola há mais de 15 anos, quando foi levar a filha, que na época era criança, para fazer um curso. Só que foi ela que se encantou com o tema e, por incentivo dos professores, prestou vestibular e formou-se em Artes Visuais pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Hoje é professora de artes em duas escolas públicas.

– Para mim é tipo uma terapia. Hoje eu faço aulas de história da arte e teatro, e no início pensávamos que não conseguiríamos, mas está dando tudo certo e no final do ano conseguimos fazer até mesmo a apresentação de um espetáculo em live, cada um na sua casa – conta Bernardete.

Para a professora, os encontros, mesmo sendo só no formato online, a tem ajudado a passar pelo confinamento de uma forma mais confortável:

– Eu dou aula em duas escolas, então não paro nunca. Poder ter esses encontros da Emaet é um alívio, um respiro que a gente tem, um momento para não pensar em outras coisas. Ele se torna cultural e terapêutico ao mesmo tempo, e ajuda a gente a continuar vivendo – completa a professora.

TOCAR PARA AFASTAR A TRISTEZAA estudante Clara Dias da Costa, de 13 anos, usa a música para afastar a tristeza não só dela, mas de toda a família com quem mora. Ela toca violino e desde 2015 faz aulas com o professor Matheus Sebalhos Lameira, em formato remoto desde o ano passado.

O estudo online trouxe desafios, e ela teve que aprender até mesmo a afinar o violino sozinha, o que antes era feito pelo professor. Clara também comenta que a dissincronia por conta da internet acaba atrapalhando em vários momentos, e que o som muda na videochamada. Apesar de algumas dificuldades, ela considera o aprendizado da música indispensável.

– Está sendo maravilhoso, porque é uma coisa que eu posso me distrair. Por exemplo, no Natal, está todo mundo em casa e eu vou lá e apresento uma música. Ou a gente está conversando sobre música e eu pego meu violino, a música traz uma animação para casa, porque todo mundo está escutando, gostam, batem palma e eu me sinto maravilhosa, como se estivesse em uma apresentação – comenta a adolescente.

A música também fez com que Clara se tornasse mais responsável e empenhada em suas atividades, e ela espera sair da pandemia sendo uma violinista ainda melhor:

– Às vezes eu penso que poderia estar na rua brincando, indo para o colégio, mas logo eu vejo que tenho mais coisas para fazer, e que quando eu sair da pandemia eu posso ser uma violinista melhor ainda – afirma Clara.

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DANÇAR PARA SE LIBERTARA advogada Daliani Barbosa Binotti, 26 anos, descobriu a dança quando passava por um período de estresse e crises de ansiedade, há três anos. Ela começou a fazer aulas da modalidade stiletto na Vintage Dance Studio, e ao notar o impacto e a melhora na sua saúde física e mental, não parou nem mesmo em meio à pandemia.

Para ela, dançar em casa nem sempre é fácil e exige paciência para se adaptar, mas é libertador.

– As aulas e os tutorias são maravilhosos, mas não se tem o acompanhamento direto do professor, não se compara ao presencial. Só que não tem como ficar sem a dança, mesmo que seja online. Ela traz um conforto mental e físico que não tem explicação, só quem experimenta sabe. Entre tantas coisas que a dança representa para mim, uma delas é a libertação, principalmente como mulher, a gente consegue se expressar mais, não tem vergonha – conta a advogada.

Foto: Anselmo Cunha (Diário)

RESSIGNIFICAÇÕESA psicanalista Vanessa Solis Pereira confirma que a arte, seja qual for a modalidade ou o modo de fazê-la, fornece mais recursos emocionais para lidar com as adversidades, como é o caso de uma pandemia.

– Não seria exagero afirmar que atualmente a arte é uma das experiências mais radicais de resistência, de busca de sobrevivência ao desmoronamento da realidade a qual reconhecíamos como vida normal. Através dela, podemos elaborar, ressignificar e nomear nossas angústias e medos – explica Vanessa.

Para a psicanalista, se expressar por meio da arte é um ato de transformação:

– A arte permite que ampliemos nossos olhares e leituras de mundo, o que, neste momento pandêmico de caos e medo, se torna muito bem-vindo na tentativa de ressignificarmos o velho e o novo normal. Nossa saúde emocional vai na direção do que supomos suportar e a arte, toda e qualquer tipo de arte, afrouxa as amarras, amplia as possibilidades, nos encoraja ao novo, a criação e a reinvenção. O que implica também dar-nos condições de juntar os cacos – completa a psicanalista.

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DESAFIOSNas salas de aulas virtuais, se nem sempre é fácil aprender, ensinar também se torna um desafio. De acordo com o professor e diretor da Emaet, Hiran Nunes, a maior dificuldade é repassar conteúdos para alunos novos, já que as atividades são bastante práticas:

– No remoto também não podemos atender muitos estudantes como no presencial, mas todos os professores têm feito um trabalho muito bom e conseguido chegar até os alunos. O ponto positivo é que a gente não parou, conseguimos nos adaptar – relata Nunes.

O professor de violino, Matheus Sebalhos Lameira, relata que as atividades online precisaram ser reduzidas e variadas para manter os alunos interessados, principalmente quando se trata de crianças, já que a exposição contínua a uma tela acaba gerando um limite de concentração. Ele acrescenta ainda que às vezes acontecem problemas técnicos, como a internet não estar tão boa.

– A gente sabe que não é a melhor forma de trabalhar, mas é uma alternativa. Mas também tem o lado positivo da pessoa estar na sua casa, no seu ambiente. Eu acredito que seja uma tendência, as escolas devem usar isso para estender as aulas para outros locais, e existem muitos recursos para que isso seja aproveitado da melhor forma – afirma Lameira.

Foto: Renan Mattos (Diário)

Para o bailarino, professor e sócio proprietário da Vintage Dance Studio, Jean Mendes, manter as atividades de dança de forma online é positivo, mas é preciso um cuidado redobrado para evitar lesões em alongamentos e exercícios, já que fica mais difícil que o professor faça as correções à distância. Além disso, para quem ensina, o trabalho se torna dobrado, já que é preciso gravar, editar e publicar as aulas:

– Fala-se muito de criar um infoproduto e vender esses cursos na internet, porém com dança é um pouquinho diferente. Existem diversos canais no YouTube que dão aulas gratuitamente, então o aluno que procura uma escola de dança na verdade busca fazer aula presencial e socializar, o que torna difícil manter o aluno de maneira online – acrescenta Mendes.

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